Queridos irmãos e irmãs!
Celebramos hoje, último
domingo do ano litúrgico, a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do
Universo. Sabemos dos Evangelhos que Jesus rejeitou o título de rei quando ele
tinha o significado político, à maneira dos "chefes das nações" (cf. Mt 20,
24). Ao contrário, durante a sua paixão, ele reivindicou uma singular realeza
diante de Pilatos, o qual o interrogou explicitamente: "Tu és rei?",
e Jesus respondeu: "Tu o dizes, eu sou rei" (Jo 18, 37);
mas pouco antes tinha declarado: "o meu reino não é deste mundo" (Jo 18,
36). De fato, a realeza de Cristo é revelação e atuação da realeza de Deus Pai,
o qual governa todas as coisas com amor e com justiça. O Pai, confiou ao Filho a missão de dar
aos homens a vida eterna até ao sacrifício supremo, e ao mesmo tempo
conferiu-lhe o poder de os julgar, a partir do momento que se fez Filho do
homem, em tudo semelhante a nós (cf. Jo 5, 21-22.26-27).
O Evangelho de hoje insiste precisamente
sobre a realeza universal de Cristo juiz, com a maravilhosa parábola do juízo
final, que São Mateus colocou imediatamente antes da narração da Paixão (25,
31-46). As imagens são simples, a linguagem é popular, mas a mensagem é
extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o
critério com o qual seremos avaliados. "Tive fome e deste-me de comer.
Tive sede e deste-me de beber. Era forasteiro e recolheste-me" (Mt 25,
35) e assim por diante. Quem não conhece esta página? Faz parte da nossa
civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia de
valores, as instituições, as numerosas obras benéficas e sociais. De fato, o
reino de Cristo não é deste mundo, mas realiza todo o bem que, graças a Deus,
existe no homem e na história. Se pomos em prática o amor ao nosso próximo,
segundo a mensagem evangélica, então fazemos espaço para o senhorio de Deus, e
o seu reino realiza-se no meio de nós. Se ao contrário, cada um pensa só nos
próprios interesses, o mundo vai inevitavelmente em ruínas.
Queridos amigos o reino de Deus não é uma
questão de honras e de aparências mas, como escreve São Paulo, é "justiça,
paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14, 17). Ao Senhor está a
peito o nosso bem, ou seja, que cada homem tenha vida, e que especialmente os
seus filhos mais "pequeninos" possam aceder ao banquete que ele
preparou para todos. Por isso, não sabe o que fazer com aquelas formas
hipócritas de quem diz "Senhor, Senhor" e depois descuida os seus
mandamentos (cf. Mt 7, 21). No seu reino eterno, Deus acolhe quantos
se esforçam todos os dias para pôr em prática a sua Palavra. Por isso a Virgem
Maria, a mais humilde de todas as criaturas, é a maior aos seus olhos e está
sentada como Rainha à direita de Cristo-Rei. Queremos recomendar-nos à sua
celeste intercessão mais uma vez com confiança filial, para poder realizar a
nossa missão cristã no mundo.
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