Nesta Semana das Dores, iremos meditar acerca das Dores de Nossa
Senhora. As Dores de Nossa Senhora nos comovam o coração,
impulsionando-nos para a prática do bem.
1ª. Dor - Apresentação de meu Filho no templo
Nesta primeira dor veremos como o coração de
Maria Santíssima foi transpassado por uma espada, quando Simeão
profetizou que o Filho dela seria a salvação de muitos, mas também
serviria para ruína de outros. A virtude que aprendemos nesta dor é a
da santa obediência. Sejamos obedientes aos superiores, porque são
eles instrumentos de Deus.
Quando soube que uma espada lhe
atravessaria a alma, desde aquele instante Maria experimentou sempre
uma grande dor, mas sempre olhava para o Céu e dizia: 'Em vós confio'.
Quem confia em Deus jamais será confundido. Em nossas penas,
angústias, confiemos em Deus e jamais nos arrependeremos dessa
confiança.
Quando a obediência nos trouxer qualquer
sacrifício, confiando em Deus, a Ele entreguemos nossas dores e
apreensões, sofrendo de bom grado por amor. Obedeçamos não por motivos
humanos, mas pelo amor Daquele que por nosso amor se fez obediente
até a morte de Cruz.
2ª. Dor - A fuga para o Egito
Irmãos,
quando Jesus, Maria e José fugiram para o Egito, foi grande dor saber
que desejavam matar o seu filho, aquele que trazia a salvação! Maria
não se aflige pelas dificuldades em terras longínquas; mas por ver seu
filho inocente perseguido, por ser o Redentor. Maria suportou o exílio
por amor e por alegria por Deus fazer dela cooperadora do mistério da
salvação. No exílio Maria sofreu provocações, mas as portas do Céu
futuramente abriam para Maria. Esta dor nos ensina a aceitar as
provocações do dia-a-dia com alegria de quem sofre para agradar a
Deus. Esse agir e esse procedimento chamam-se santidade. No meio da
dor sofrem os infelizes, entregam-se ao desespero, porque não têm a
amizade divina, que traz paz e confiança em Deus. Por isso, somos
convidados a aceitar os sofrimentos por amor a Deus. Exultemos de
alegria, porque grande é o nosso merecimento, assemelhando-nos a Jesus
Crucificado, que tanto sofreu por amor a vossas almas!
3ª. Dor - Perda do Menino Jesus
Maria
procurou Jesus por três dias. Maria tinha consciência de que Ele era o
Messias prometido. Quando o encontrou no Templo, no meio dos
doutores, ao dizer-lhe que havia deixado sua mãe três dias em aflição,
ele respondeu-lhe: “Eu vim ao mundo para cuidar dos interesses de meu
Pai, que está no Céu”. À esta resposta do meigo Jesus, Maria emudeceu e
compreendeu que sendo o seu Filho, Homem e Deus, aquele que salva
assim deveria proceder, submetendo a sua vida à vontade de Deus, que
muitas vezes nos fere em proveito de nossos irmãos.
Jesus
deixou Maria por três dias angustiada para proveito da salvação. Aqui
devemos contemplar as mães que choram, ao verem os seus filhos
generosos ouvirem o chamamento divino, aprendendo com Maria a
sacrificar o seu amor natural. Se seus filhos forem chamados para
trabalhar na vinha do Senhor, não abafem tão nobre aspiração, como é a
vocação religiosa. Mães e pais dedicados, ainda que o seu coração
sangre de dor, deixem seus filhos partirem, deixem corresponder aos
desígnios de Deus, que usa com eles de tanta predileção. Pais que
sofrem, ofertem a Deus a dor da separação, para que seus filhos, que
foram chamados, possam ser na realidade bons filhos Daquele que os
chamou. Lembrem-se que seus filhos a Deus pertencem e não a vocês. Devem
criá-los para servir e amar a Deus neste mundo, e um dia no Céu O
louvarem por toda a eternidade.
Pobres aqueles que querem
prender seus filhos, abafando-lhes a vocação! Os pais que assim
procedem podem levar seus filhos à perdição eterna e ainda terão que
dar contas a Deus no último dia. Porém, protegendo suas vocações,
encaminhando-os para tão nobre fim, que bela recompensa receberão
estes pais afortunados! Ainda que aqui chorem de saudades e a
separação lhes custe muitas lágrimas, eles serão abençoados! E vocês,
filhos prediletos chamados por Deus, procedam como Jesus procedeu
comigo: primeiramente obedeça à vontade de Deus, que os chamou para
habitar na sua casa, quando diz: 'Quem ama seu pai e sua mãe mais do
que a mim não é digno de Mim'. Vigiem se, por causa de um amor
natural, deixam de corresponder ao chamado divino!
Almas eleitas
chamadas e que sacrificam as afeições mais caras e a sua própria
vontade para servir a Deus! Grande é sua recompensa. Avante! Sejam
generosas em tudo e louvem a Deus por terem sido escolhidas para tão
nobre fim.
Vocês que choram, pais, irmãos, regozijam-se,
porque suas lágrimas um dia converter-se-ão em pérolas, como as de Maria
Santíssima se converteram em favor da humanidade.
4ª. Dor - Doloroso encontro no caminho do Calvário
Contemplemos
e vejamos se há dor semelhante à dor de Maria Santíssima, quando
encontrou-se com seu divino Filho a caminho do Calvário, carregando
uma pesada cruz e insultado como se fosse um criminoso.
'É
preciso que o Filho de Deus seja esmagado para abrir as portas da
mansão da paz!' Lembremo-nos de suas palavras e aceitemos a vontade do
Altíssimo, nossa força em horas tão cruéis de nossa vida.
Ao
encontrá-lo, Jesus fitou os olhos de Maria e a fez compreender a dor
de sua alma. Não pôde dizer-lhe palavra, porém a fez compreender que
era necessário que se unisse à Sua grande dor. Amados irmãos, a união
da grande dor de Maria e Jesus nesse encontro tem sido a força de tantos
mártires e de tantas mães aflitas!
Almas que temem o
sacrifício aprendam nesta meditação a se submeterem à vontade de Deus,
como Maria e Jesus se submeteram! Aprendam a calar nos seus
sofrimentos.
No nosso silêncio, nesta dor imensa, armazenamos
riquezas imensuráveis! Nossas almas hão de sentir a eficácia desta
riqueza na hora em que, abatidos pela dor, recorrermos a Maria,
fazendo a meditação deste encontro dolorosíssimo. O valor do nosso
silêncio se converte em força, quando nas horas difíceis soubermos
recorrer à meditação desta dor!
Como é precioso o silêncio nas
horas de sofrimentos! Há almas que não sabem sofrer uma dor física,
uma tortura de alma em silêncio; desejam logo contá-la para que todos o
lastimem! Jesus e Maria tudo suportaram em silêncio por amor a Deus!
A
dor humilha e é na santa humildade que Deus edifica! Sem a humildade,
trabalhamos em vão; vejam pois como a dor é necessária para a nossa
santificação.
Aprendamos a sofrer em silêncio, como Maria e
Jesus sofreram neste doloroso encontro no caminho do Calvário.
5ª. Dor - Aos pés da Cruz
Na
meditação desta dor encontraremos consolo e força para nossas almas
contra mil tentações e dificuldades e aprenderemos a ser fortes em
todos os combates de nossa vida.
Contemplemos Maria aos pés da
Cruz, assistindo à morte de Jesus, com a alma e o coração
transpassados com as mais cruéis dores!
Não nos escandalizemos
com o que fizeram os judeus! Eles diziam: 'Se Ele é Deus, por que não
desce da cruz e se livra a si próprio?!' Infelizes aqueles que não
crêem que Jesus é o Messias. Não podem compreender que um Deus se
humilhasse tanto e que a sua divina doutrina pregava a humildade.
Jesus precisava dar o exemplo, para que seus filhos tivessem a força
de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos deste mundo, que têm
nas veias a herança do orgulho. Infelizes os que, à imitação dos que
crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar!
Depois
de três horas de tormentosa agonia, Jesus morre, deixando Maria na
mais negra escuridão! Sem duvidar um só instante, ela, contido,
aceitou a vontade de Deus e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai
sua imensa dor, pedindo, como Jesus, perdão para os criminosos.
Entretanto,
quem a confortou nessa hora angustiosa? Fazer a vontade de Deus foi o
seu conforto; saber que o Céu foi aberto para todos os filhos foi seu
consolo! Porque Maria também no Calvário foi provada com o abandono
de toda consolação!
Sofrer em união com os sofrimentos de Jesus
encontra consolo; sofrer por ter feito o bem neste mundo, recebendo
desprezos e humilhações encontra força.
Que glória para nossas almas se um dia, por amarmos a Deus com todo o nosso coração, formos também perseguidos!
Aprendamos
a meditar muitas vezes esta dor, que ela nos dará força para sermos
humildes: virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.
6ª. Dor - Uma lança atravessa o Coração de Jesus
Com a alma imersa na mais profunda dor,
Maria viu Longinus transpassar o coração de seu Filho, sem poder dizer
uma palavra! Derramou muitas lágrimas... Só Deus pode compreender o
martírio desta hora, na alma e no coração!
Depois depositaram
Jesus em seus braços, não cândido e belo como em Belém... Morto e
chagado, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador
menino, que tantas vezes apertara ao seu coração!
Se Maria
tanto sofreu, não será ela capaz de compreender os nossos sofrimentos?
Por que, então, não recorramos a Maria com mais confiança, ela que
tem tanto valor diante do Altíssimo?
Por muito ter sofrido aos
pés da cruz, muito lhe foi dado! Se não tivesse sofrido tanto, não
teria recebido os tesouros do Paraíso em suas mãos.
A dor de
ver transpassar o Coração de Jesus com a lança, conferiu a Maria o
poder de introduzir, em seu amável Coração, a todos aqueles que a ele
recorrerem. Corramos todos a Maria, porque ela pode nos colocar dentro
do Coração Santíssimo de Jesus Crucificado, morada de amor e de
eterna felicidade!
O sofrimento é sempre um bem para a alma.
Regozijemo-nos, pois, com Maria, que foi a segunda mártir do Calvário!
Sua alma e seu coração participaram dos suplícios do Salvador,
conforme a vontade do Altíssimo, para reparar o pecado da primeira
mulher! Jesus foi o novo Adão e Maria a nova Eva, livrando assim a
humanidade do cativeiro no qual se achava presa.
Para
correspondemos, porém, a tanto amor, sejamos muito confiantes em
Maria, não nos afligindo nas contrariedades da vida; ao contrário,
confiemos todos os nossos receios e dores a Ela, que saberá dar em
abundância os tesouros do Coração de Jesus!
Não nos esqueçamos
de meditar esta imensa dor, quando nossa cruz estiver pesada. Nela
encontraremos força para sofrer por amor a Jesus que sofreu na Cruz a
mais infame das mortes.
7ª. Dor - Jesus é sepultado
Quanta
dor padeceu Maria quando teve que ver sepultado seu Filho. A quanta
humilhação seu Filho se sujeitou, deixando-se sepultar, sendo Ele o
mesmo Deus! Por humildade, Jesus submeteu-se à própria sepultura, para
depois, glorioso, ressuscitar dentre os mortos!
Bem sabia Jesus
o quanto Maria sofreria vendo-o sepultado; não a poupando, quis que
Maria também fosse participante na sua infinita humilhação!
Vejamos
como Deus amou a humilhação! Tanto que deixou-se sepultar nos santos
Sacrários, a esconder sua majestade e esplendor, até o fim do mundo!
Na verdade, o que se vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia Branca e nada
mais! Ele esconde sua magnificência debaixo da massa branca das
espécies de pão! E não o admiramos tanto quanto Ele merece, por Jesus
assim Se humilhar até o fim dos séculos!
A humildade não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura e não deixou de ser Deus.
Se
queremos corresponder ao amor de Jesus, devemos mostrar que O amamos,
aceitando as humilhações. A aceitação da humilhação nos purifica de
toda e qualquer imperfeição e, desprendendo-nos deste mundo, passamos
desejar mais intensamente o Paraíso.
Apresentamos estas sete
Dores de Maria, não para queixar somente, mas para mostrar as virtudes
que devemos praticar, para um dia estar ao seu lado e ao lado de
Jesus! Receberemos a glória imortal, que é a recompensa das almas que,
neste mundo, souberam morrer para si, vivendo só para Deus!
Nossa Mãe nos abençoa e nos convida a meditar muitas vezes nestas palavras ditadas, porque muito nos amo.
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